Programa terá duas professoras visitantes no segundo semestre

Programa terá duas professoras visitantes no segundo semestre

Marta Chaves Peixoto e Lucia Sá apresentam disciplinas na Pós-Graduação em Literatura Brasileira da FFLCH

O Programa de Pós-Graduação em Literatura Brasileira da FFLCH convidou duas professoras para disciplinas em seu programa nos meses de agosto e setembro de 2014.

Com longa experiência no ensino da literatura brasileira nos Estados Unidos, onde fez carreira e leciona desde 1991 na New York University, Marta Chaves Peixoto será responsável pela disciplina “Figurações da Intimidade em Clarice Lispector”. Lúcia Sá, Professora Titular na University of Manchester, Reino Unido, apresentará “Literaturas da Floresta”.

 

Figurações da Intimidade em Clarice Lispector”

“Figurações da Intimidade em Clarice Lispector” propõe o exame das principais obras de Clarice Lispector, discutindo questões sobre a recepção dos textos claricianos nos Estados Unidos e na Europa, em especial na França. A disciplina insere-se em duas das linhas de pesquisa da área – A prosa no Brasil e Historiografia e crítica literárias –, em perfeita consonância com os estudos realizados pela professora e pesquisadora nas últimas décadas.

A Profa. Marta Peixoto destaca-se pela leitura percuciente e refletida da obra de Clarice Lispector e também de outros grandes autores da literatura brasileira, tais como João Cabral de Melo Neto e Machado de Assis. Os resultados da sua pesquisa sobre Clarice Lispector estão publicados no livro Passionate Fictions: Gender, Narrative and Violence in Clarice Lispector (University of Minnesota Press, 1994), traduzido e publicado no Brasil com o título Ficções Apaixonadas (Rio de Janeiro, Vieira & Lent, 2004).

O curso propõe também a discussão da “écriture féminine” e de alguns textos da chamada teoria do afeto, o que trará para os alunos da USP a possibilidade de conhecer melhor e discutir categorias críticas que têm tido ampla circulação nos estudos literários na França e nos Estados Unidos.

O curso, de quatro créditos, será ministrado em seis aulas, às terças e quartas, das 14h às 18h, nos dias 5, 6, 12, 13, 19 e 20 de agosto.

 

Literaturas da Floresta”

”Literaturas da Floresta” se organiza em torno de dois objetivos complementares. O primeiro é discutir características formais, temáticas e filosóficas de algumas narrativas indígenas das terras baixas da América do Sul, isto é, narrativas coletadas entre povos indígenas do Brasil e países vizinhos, ou publicadas por autores indígenas. O segundo é analisar o impacto dessas narrativas na literatura brasileira de modo geral.

Do romantismo ao modernismo, e do modernismo aos dias atuais, é indiscutível a influência do modo de narrar ou cantar indígena em vários autores brasileiros. Ansiosos por conhecer mais sobre o seu país e os povos que aqui viviam antes da chegada dos europeus, esses autores não resistiram ao impulso de recriar personagens, roubar enredos, citar parágrafos e páginas inteiros, e em alguns casos até mesmo a adotar em suas obras a estrutura dos textos indígenas.

Não obstante, ainda são raros os críticos e historiadores literários que se detêm sobre esse processo de apropriação cultural. As fontes indígenas têm sido basicamente ignoradas, tanto como antecedentes indispensáveis para escritos posteriores, como pelo seu valor intrínseco como literatura. Nas pouquíssimas ocasiões em que os textos indígenas foram levados em conta, seu papel ficou restrito ao de mero material etnográfico ou matéria prima sem valor estético ou literário. Por este motivo, a noção de intertextualidade, fundamental para a sua compreensão, não tende a ser levantada.

Em busca de reparar essas lacunas na crítica e na historiografia, o curso examinará os seguintes tópicos: Literatura indígena e ‘etnoliteratura’; Cronistas coloniais e o Romantismo: o caso Gonçalves Dias; Macunaíma (Mário de Andrade) e as fontes pemons; ‘Cobra Norato’ (Raul Bopp) e ‘Meu Tio o Iauaretê’ (João Guimarães Rosa); Maíra (Darcy Ribeiro), cosmologia tupi-guarani e organização social gê-bororo; Perspectivismo, ‘narrativismo’, e a importância da transformação em narrativas indígenas.

Lúcia Sá é Professora Titular na University of Manchester, Reino Unido, e autora dos livros Rain Forest Literatures: Amazonian Texts and Latin American Culture (University of Minnesota Press, 2004; traduzido como Literaturas da Floresta e publicado pela editora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro em 2012) e Life in the Megalopolis: Mexico City and Sao Paulo (Oxford: Routledge, 2007).

O curso, de quatro créditos, será ministrado em seis aulas, às terças e quartas, das 14h às 18h, nos dias 26 e 27 de agosto, 2, 3, 9 e 10 de setembro.

Mais informações sobre os dois cursos podem ser obtidas pelo e-mail posdlcv@usp.br